O que é a saudade se não a certeza que tudo valeu apena, mesmo que o presente não seja exatamente como um dia imaginamos.
O que é a saudade se não o desejo de estar perto de um amontoado de coisas e pessoas que fizeram parte de nossa vida e de forma arrebatadora partiu nos deixando a sensação de vazio.
Não que a saudade seja um sentimento de tristeza, mas a saudade muitas vezes faz chorar.

Trecho de Caio Abreu

"...Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.
Tinha terminado, então. Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina.
Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo..."

Caio Fernando Abreu

Falta

Eis que ressurge, sim ele ressurgiu mais uma vez, não ele a pessoa que já não me dou mais por esperar, é aquele velho sentimento que se faz presente quando tudo parece ausente e ainda existe o desejo de acreditar. Isso dói, faz o coração bater descompassado. E no final eu vou gostando, pois sempre que a solidão vai embora, sinto que algo novo está me preenchendo e tapando mesmo que superficialmente as profundas feridas que a solidão tem deixado cada vez que decidi rondar meu intimo.
E mesmo que pareça uma agradável sensação de pós solidão, mesmo que eu consiga sorrir, talvez quando abrir meus olhos eu sinta novamente a falta de tudo que tem me deixado só.

Por onde tem andado os meus pés?
Que caminhos estes que segui e não mais reconheço meus passos?
Olho para trás e vejo tudo que tenho deixado caído aos pedaços.
Há uma saudade louca daquelas de dilacerar a alma, que não sei bem a causa, mas que trato com tanta destreza.
E diante desta turbulência há um sinal furtivo, algo que de repente me rouba a sanidade e sem identificar ou dar nome a estas repentinas sensações, me nego a ser racional, meu desejo é unicamente ser feliz.