terça-feira, 29 de março de 2011


Algumas coisas nunca se encaixam na minha cabeça, como um chapéu fora da medida certa. Nunca me passou pela cabeça que para ser amigo de alguém é necessário sorrir o tempo todo, acho que não aprendi a receite de ser um bom amigo. Quando lembro que ser humano também envolve dor e tristeza, e que a vida também nos arranca lágrimas, e não é apenas a felicidade que nos deixa vivo. Sempre acreditei na idéia de que coisas boas atraem coisas boas, mas sempre me perguntei: Se por um só segundo eu deixar de ser uma pessoa alegre, eu deixo de ser alguém bom o bastante para ter bons amigos e atrair boas pessoas?
Das poucas coisas que aprendi na vida, nem todas foram boas, sobretudo uma delas é que não se deve ter medo de chorar, e esconder tristeza é como esconder quem se é de verdade, por que quem é de verdade muitas vezes chora, não importa o motivo, se é alegria ou tristeza, mas ninguém é forte o bastante para impedir que lágrimas escorram sobre a face, e em certos momentos o coração vai doer, e isto não me faz ser mais ou menos pior, eu não sou forte o bastante de sorrir o tempo todo, até por que se eu não fosse em algum momento triste, eu não saberia o valor da felicidade, e ela não caberia em mim.

segunda-feira, 21 de março de 2011


Lembro como se fosse hoje, entende? Dia quente e cabelos mal penteados, roupas de farrapos e boca seca, sempre caminhos longos a percorrer, e uma sensação de pés cansados. Era um sonho de infelicidade, talvez assim me fizesse provar outro gosto amargo da vida, por que esse eu já cansei de usar.
Eu já pedi não me dê mais rosas esperando que eu as devolva de pura cor, e aroma de coisa nova, tudo que se toca e deixa cair seguido de uma lágrima é uma dor que não passa com remédio de enfermaria, se ainda não consegue entender as entrelinhas, impossível explicar aquilo que em ti ainda não tocou.

Mais Caio F. Abreu

"Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. Acredito que essa moça, no fundo, gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera. Estranho é que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é? A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? A moça.. ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera? E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário... por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo." ~ Frase de Caio Fernando Abreu

domingo, 20 de março de 2011


As coisas têm sido assim, a parte de ser e deixar de ser, ou de nunca ter sido e mesmo assim ter a sensação de não ser mais a parte indispensável na vida de alguém, como uma brisa leve que traz sensação de paz e segurança, e de repente ela passa muito depressa, mas não poupa a falta que faz, não é mágoa, não é dor de perda, é só dor de saudade daquilo que não tem nome, não se encaixa facilmente em qualquer ocasião, e eu mal posso descrever como sinto, porque talvez nem eu mesma saiba, mas cresce em grandes proporções e toma conta de grande parte de quem sou, ou tenho tentado ser sem influência de um amor passageiro.

quarta-feira, 9 de março de 2011


Não sei qual parte de mim eu perdi, em qual canto da casa ou do mundo eu deixei. É a parte que tem feito muita falta, por algum motivo também desconhecido.
É estranho ser desconhecido para si mesmo. Não sei mais sobre quem me refiro quando começo a investigar minhas emoções avessas e contraditórias. É como entrar em um buraco frio e escuro sem ter por onde pisar e sem espaço físico para que o corpo flutue, e permaneço ali parada, sem qualquer movimento de fuga, sem qualquer reação brusca ou movimentos desordenados em busca de uma saída ou escapatória para esse momento dentro do estreito que me permiti entrar.
É um lugar de refúgio, quando não encontro muitas respostas para tudo que tenho vivido, porque eu não sei exatamente como viver, afinal a vida nunca diz claramente sobre o que fazer, o caminho mais perto, a hora de largar os sapatos e descansar a beira de um lago limpo com ar puro em dias de paz, ela nunca diz claramente e com todas as letras sobre o segredo de viver bem. Mesmo assim, no fundo agente sabe que a vida grita, berra em nossos ouvidos, nem sempre agente ouve.

terça-feira, 8 de março de 2011


Talvez seja mais fácil sempre fechar os olhos e não querer enxergar aquilo que está diante de nós,fingir que a dor passou, que as marcas agora são só marcas, como desenho artístico, exposto na própria pele, e dizendo algo que os olhos as vezes até entrega, mas a boca não tem coragem de dizer. Porque mesmo sem querer eles nos entregam sem culpa, olhos que vasculham cada canto de tudo, as vezes molhados e em outros momentos pálpebras franzidas, simulando um sorriso espontâneo.
É quase impossível forjar um momento, sentimento, ou qualquer outra sensação, quando olhando dentro dos olhos conseguimos enxergar a alma, pouco adianta enganar outros, quando a realidade grita dentro de nós.
Mas com licença, e todo respeito, não me olhem de qualquer modo, pois se não percebe, quando olho diretamente em seus olhos, sempre tenho algo especial para lhe dar de presente.